20 November 2008

Apresentação no João Batista


A peça



os alunos


o diretor



o elenco e os alunos

15 November 2008

Memórias colhidas e transformadas














Era domingo e como de costume, calcei meus chinelos e fui caminhando até a sala, sonolenta. Com dificuldade abri os olhos e vi mamãe sentada na poltrona, parecia preocupada. Antes que pudesse bocejar papai me puxou pela mão e disse “temos que conversar” e fomos andando até seu quarto, quando mamãe abatida fechou a porta. “Querida, o que acontece é que...seu avô...ele, bem...” e mamãe cortou logo o embaraço de papai “vovô foi viajar!”. Silêncio. Enquanto eles se entreolharam, fiquei esperando o que tanto tinham pra me falar mas logo percebi que aquela conversa não passaria muito disso. “Ahan”, respondi rispidamente.
- Posso brincar agora?
- Filha, espera um pouco...você não está entendendo.
- Mãe, a mariazinha ta me esperando lá fora e...
- O vovô não vai voltar.
Percebi que papai me olhava nos olhos, sempre desviando o olhar para a janela. Fiquei parada, olhando, até achei meio engraçado, nunca tinha visto meus pais tão sem jeito.
- Como não vai voltar?
- Filha, existe um dia em que todos nós vamos ter que fazer essa viajem, eu, você o papai...
- Pra onde?
- ...
- Vamos. Pra onde o vovô foi?
- ..er, fala pra ela Valter, pra onde ele foi?
- Ah sim, é bem...o seu avô foi para um campo, isso! Um lindo campo com árvores, pássaros, lagos, entendeu?
Fiz um sinal de positivo com a cabeça, sai andando e pensando “campos? Mentira! Vovô odeia mato”. Na sala percebi que meus tios estavam sentados tomando café enquanto senhoras que eu nunca tinha visto na minha vida ficavam conversando e dizendo “bebia coitado, mas era um bom homem...”.
Quando adentrei na sala todos me olhavam com olhos arregalados e pararam o que estavam fazendo. Um silêncio ensurdecedor tomou conta e apenas podia-se ouvir um ruído de “oohh”. Puxei a barra da saia da minha mãe e perguntei novamente se podia sair para brincar e recebi um grande não.
Meu tio vinha na minha direção, sorrindo como sempre fazendo as mesmas piadinhas se sempre, sem graça como sempre. Sorri gentilmente.
- Tio, você sabe pra onde o vô foi?
Ele gargalhou – Hahaha. Seu avô? Aposto que ele está num open bar angelical, cheio de anjas servindo biritas.
Segui pela sala...dessa vez uma senhora veio apertar minha bochecha e foi logo falando “não se preocupe minha filha, seu avô está em outra dimensão, você acredita nisso?”
Dimensão? Isso tem haver com filmes de robô? Logo imaginei vovô com anteninhas e seres extraterrestres a sua volta...
No quarto ouvi murmúrios, era mamãe...estava falando sozinha, mais ou menos assim: “Eu hoje tive um pesadelo e levantei atento a tempo, eu acordei com medo e procurei no escuro alguém com seu carinho e lembrei de um tempo, porque o passado me traz uma lembrança do tempo que eu era criança e o medo era motivo de choro desculpa pra um abraço ou um consolo. Hoje eu acordei com medo, mas não chorei nem reclamei abrigo Do escuro, eu via um infinito sem presente, passado ou futuro. Senti um abraço forte, já não era medo, era uma coisa sua que ficou em mim, que não tem fim. De repente a gente vê que perdeu ou está perdendo alguma coisa. Morna e ingênua que vai ficando no caminho. Que é escuro e frio, mas também bonito porque é iluminado pela beleza do que aconteceu há minutos atrás.”
Será que mamãe estava com saudades do vovô? Bom, eu também estou...
- mamãe posso sair pra brincar de amarelinha? – dessa vez nem resposta eu obtive.
Sabe, eu não gosto de parentes, se acham muito íntimos “haha eu conheci você quando você era deste tamainho” E daí que você me conhece faz 30 anos? Qual é, eu só te conheço a 7 e nem por isso te digo que quando te conheci você já era deste tamanhão.
A campainha tocou, era seu José da padaria, ninguém gostava muito dele, não entendi o porque dele estar ali...deixou um pacote em cima da mesa e veio na minha direção, me entregar um doce.
- E você sabe onde meu avô esta?
- No inferno minha filha. No inferno! A cinco dias que ele não me paga as contas do jogo do bixo!
Quando dei por mim era hora de dormir, mamãe estava sentada na mesa sozinha, cabisbaixa e a parentaiada já tinha ido embora...
Abracei mamãe com toda a minha força, senti que ela estava tremendo e mal conseguia me abraçar de volta.
- Mãe – segurei sua mão – ta sentindo este perfume? Ele não está longe...
Sorri docemente e mamãe me sorriu um sorriso amarelo de volta. Fui me deitar.
Inferno...ele nem gosta de calor! Anjos, que bobagem, todos sabem que vovô morre de medo de avião e altura, nunca ficaria numa nuvem. Ah, tudo isso pra dizer que o vovô tinha morrido? Sei bem onde o vovô está, será que ninguém vê que ele irá nos visitar todas as noites, ou será que ele aparece apenas nos meus sonhos? A, e amanhã, de qualquer jeito, eu vou brincar de amarelinha...
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Não sei o que ele tinha, mas me tirava do sério, ele e os amigos dele. Sei lá, só tinha 7 anos, menina inocente que tinha medo de tudo e de todos.
Parece que eles encrencaram comigo, me enchiam o saco, além daquele estresse de uma criança que esta aprendendo continhas de dividir, com uma mãe e uma professora bravas, tinha que aprender a lidar também com as coisas do coração.
Um dia recebi uma carta toda cheia de recortes de figura de cachorrinhos, era ele, aquele que me tirava do sério, Renan, marcou tanto que lembro até do seu sobrenome, Renan Ribeiro, gostava de Fórmula 1 e sonhava em ser piloto. Voltando à carta...tinha tanta raiva deles e dele principalmente que cheguei em casa chorando pois não queria que eles gostassem de mim, me lembro exatamente da cena, minha mãe no banho junto ao meu pai escovando os dentes e eu na porta do banheiro com a carta na mão, dizendo que ia rasgá-la na frente deles.
Hoje acho essa história muito engraçada, é impossível controlar os sentimentos de alguém. Mas na época fiquei tão brava e chorava tanto que minha mãe até foi reclamar e pedir para a professora conversar com eles para pararem de me mandar cartas.
Agora sei porque me irritavam tanto e depois me mandavam cartinhas dizendo gostarem de mim. Só me irritavam pelo simples fato de não saberem como chamar minha atenção de outra forma. Mas o mais engraçado é que voltei a estudar com dois deles alguns anos depois... e foram muito meus amigos. Aliás, tenho contato com um deles até hoje e sou amiga de sua irmã.
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Numa bela manhã acordei sem saber o porque da minha existência. O porquê da vida, o porque da minha dúvida.
Abri a janela e meu quarto para refletir sobre minhas angústias. Foi quando avistei logo na rua uma criança sentada na calçada. Aquela cena intrigou-me de uma maneira que comecei a imaginar o que ela estaria fazendo ali, o que poderia estar pensando.
Fez-me lembrar os meus pensamentos quando criança. Os medos, receios, a ansiedade em novas descobertas, a inocência, a pureza existente me meu mundo. Um mundo de fantasia uma imensidão abstrata, mas era nele que eu encontrava a felicidade. E volto a perguntar-me, será que sou feliz hoje? Será que a felicidade está nas pequenas coisas?
Voltando a criança, imaginei uma grande prisão interior, prisão de vontades e sentimentos. Prisão essa, que estou sentindo neste momento. Uma criança, somente uma criança. Seja feliz meu bem, pois eu era.
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Um belo dia de sol chegou, primeiro dia de aula de Silvinha.
Ela acordou com o sol batendo em seus olhos, levantou da cama num pulo e foi se trocar.
Desceu as escadas e foi até a cozinha para tomar café da manhã com seus pais. Após o café escovou os dentes e sua mãe a levou para a escola.
Chegou toda contente, porém com receio, afinal não conhecia ninguém. Entrou na escola e olhou para todos os cantos sem deixar passar um detalhe sequer. Viu crianças correndo e se divertindo, outras andando de bicicleta, algumas sentadas num canto, com vergonha, igualzinho a ela.
Andou mais um pouco para ver onde ficavam os lugares, banheiro, cantina, salas de aula e todo o resto.
O sinal tocou e ela foi para a sua sala. A primeira aula era de recreação e ela se animou e foi logo brincar de ciranda.
Passou o dia todo se divertindo com suas novas amigas.
O dia passou e logo deu o sinal de ir embora, então ela esperou sua mãe chegar.
Enquanto esperava viu um cachorrinho ser atropelado... :*( Mas lembrou que sua mãe um dia havia lhe dito que morrer é normal e que todo mundo um dia vai morrer.
Sua mãe chegou e ela foi toda empolgada contar o seu dia para sua mãe. Então ela chegou em casa, tomou banho, jantou e foi dormir ansiosa para ir a escola no outro dia.
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Certas pessoas não admitem seu medo de escuro, eu, por exemplo, nunca admiti. O medo, apesar de não ser uma sensação boa, é um incentivo à superação, à quebra de barreiras. Muitas vezes não ajuda em nada, porém, um dia, pode se tornar uma história, uma lição de vida e até mesmo uma piada, o que não foi o meu caso.
Sempre fui exagerada, uma criança paranóica, uma adulta pirada e serei uma velha maluca. Quando criança adorava brincar de esconde-esconde. Na puberdade só queria maquiagem e na fase em que me encontro (entre a “aborrecência” e a total maturidade), sou só sonhos. No entanto, algo ainda me aflige: o medo.
O medo de amar, se decepcionar, o medo da vida. O medo, que antes era imaginário, hoje é substituído por auto-proteção, fazendo-me sentir falta dos velhos tempos de criança, onde a preocupação era momentânea e passageira. Lembro-se até da facilidade de superação, a qual hoje não existe.
Ao completar 08 anos de idade, em minha plena infância, me apaixonei. E não foi uma paixão simples não, realmente eu o ameie sutei por seu amor, mas o destino me pregou uma peça.
No dia 01 de dezembro de 1992 andava eu em uma bela rua ladrilhada em busca do meu amor. Ele era meu melhor amigo e sempre nos encontrávamos por ali mesmo, perto do Bosque da Solidão, porém aquele dia foi diferente.

Minha primeira morte por Helen


Texto produzido durante a oficina de teatro e produção de texto a partir da obra "A Hora da Estrela" de Clarice Lispector, por Gabriel Henrique.

O ódio havia me domado naquele momento, em que meus olhos se encheram de dor. Havia se passado seis anos desde o fracasso da campanha marítima. Eu havia saído daquele mesmo porto como um herói da marinha naval inglesa, mas agora retornava como um traidor holandês de uma caravela roubada. Maltrapilho e agora tonalizado pelas cores do bronze feitas por tantas terras em que o sol castigava, me encontrava da forma que já era de se esperar. Era a mesma Helen em que eu havia deixado no cais, que aos prantos pedia apenas para que eu voltasse. Mas já era tarde, por mais que me amasse não suportaria a luta contra o tempo. Seu corpo que refugiava do frio sobre a capa era entrelaçados por mãos de um outro amante.
Talvez o impacto não fosse tão grande pelo fato de minha amada, desiludida pela minha morte, procura-se o conforto nos braços de um pretendente qualquer que lhe oferecesse um dote que animasse seu pai. Mas como havia dito, assim não fosse tão grande quanto o fato de que o homem fosse um conhecido. A quem eu devia juramento de sangue, quando tocamos em terra santa e partilhamos de um mesmo corte de nossas mãos, um elo de eterna amizade. Assim como crianças Caio e Marco e da mesma forma adulta como César e Brutus. Naquele instante eu não sabia o que havia se passado por todo esse tempo, mas depois eu havia descoberto que fora um favor de David.
Eu havia deixado Helen aos cuidados de seus pais que nada podiam oferecer a não ser um teto de palha e o gado doente e escasso. Deixei tudo que pude, mas não passavam de farelos que não conseguiam enfartar nem ao menos uma andorinha. Não naquela tarde fria de outono, ela vestia o melhor oferecido pelas especiarias das terras distantes. E sorria. Não havia preço para se ver aquele sorriso.
Não conseguia reagir, fiquei imóvel por algum tempo e então senti aquele fogo que vem de dentro, que por muito é mais ardente do que o hidromel mais velho de toda Bretanha. Pensei por um instante, e foi tão forte a emoção que não havia percebido, que eu levantara a bainha de minha cimitarra. Olhei para a lamina que refletia um homem desgastado pelo amor que mesmo ao seu lado, estava fora de alcance.
Amei Helen assim como César venerou Cleópatra. E tanto a amei que cheguei ao estado da loucura, eu estava morto, e mesmo o coração palpitando pelo sangue quente que circulava, eu apenas vagava sobre as terras que um dia fui lembrado e saudado.
Guardei a face daquela espada que derramou o sangue de tantos inimigos e irmãos e voltei ao meu sofrimento. Dei meia volta e segui para o lugar, onde apenas aqueles que existiam iam. E mergulhei no delírio da chama falsa de mais um vinho, eu não bebia rum. Era uma bebida refinada pelo sofrimento e trafegada por homens sem honraria. O vinho é criado todos os dias, um de seus vários criadores um dia já sofreu por uma mulher. Era o que eu sempre dizia “São necessários milhares de homens para se construir um império e apenas uma mulher para destruí-lo”. Meu império havia caído. E eu sabia que não poderia reconstruí-lo. Não sou nada sem minha Helen. Não sou Arian. Eu não sou, apenas existo.

Mostra de Artes Cênicas de Jacarehy

Os atores...
As mulheres

Os homens

Enquanto o teatro não abre

O caminhão!!

O lado mais nosso de Presidente Prudente

O debate

O espetáculo

Comer é sempre bom

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A viagem